Setembro Amarelo: A Química das emoções humanas e da depressão

                                                                                               por Eloah Bié

Setembro Amarelo é uma campanha internacional trazida para o calendário nacional pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), em 2014. Ela visa a conscientização da população sobre o suicídio e a prevenção do mesmo. Além disso, é a maior campanha nesse aspecto do mundo. Mesmo o dia 10 de setembro sendo, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, a iniciativa está presente durante todo o decorrer do ano. E, em 2022, o lema é "A vida é a melhor escolha!" e, no decorrer do ano, diversas ações ao longo dessa temática estão sendo desenvolvidas. 

        As emoções humanas são uma resposta do corpo aos estímulos realizados pelos neurotransmissores presentes. Eles são a dopamina, serotonina, melatonina, GABA, endorfina, adrenalina, ocitocina e a noradrenalina. E, a diferença nas emoções, se dá quando há um excesso, ou falta, de um determinado neurotransmissor. A produção destes neurotransmissores pode ser estimulada a partir de eventos que ocorrem fora do corpo. Alguns deles são a prática de atividades físicas, a alimentação, escutar música, meditação, a ausência ou presença de luz, os sustos, o contato com a natureza, o sentimento de afeto e as fortes emoções. 

Dopamina (𝐶8 𝐻11 𝑁𝑂2 )

A dopamina (DPM) é o neurotransmissor que está associado às sensações de prazer e satisfação. Além disso, também está presente em processos de controle motor, cognição, humor e algumas funções endócrinas. Se a sua produção estiver regulada, ela auxilia no bom humor. Entretanto, algumas substâncias, como as drogas ilícitas, podem desregular a sua produção e, consequentemente, causar doenças como ansiedade, depressão, esquizofrenia e Parkinson. 

Serotonina (𝐶10 𝐻12 𝑁2𝑂) 

A Serotonina é o neurotransmissor do humor e do bem-estar. A sua função é atuar na estabilização e na regulação do ânimo, apetite e do sono. Mas, se o nível de serotonina no corpo estiver abaixo do ideal, pode resultar no mau humor, dificuldade de dormir, ansiedade e depressão.

Melatonina (𝐶13 𝐻16 𝑁2 𝑂2 )

A Melatonina é o neurotransmissor cronobiológico. Ela é responsável pela tradução do ciclo claro-escuro do dia. Ou seja, ela é responsável por sentirmos sono ao escurecer e despertar ao raiar do sol. Além disso, a melatonina age como antioxidante.

GABA (𝐶4 𝐻 9 𝑁𝑂2)  

O GABA, Ácido Gama-Aminobutírico, é o neurotransmissor da calma e do relaxamento. Ele, além de neurotransmissor, é um aminoácido que desacelera a atividade cerebral, dando uma sensação de calma e relaxamento a partir da modulação das contrações musculares e, consequentemente, induzindo o sono. Ademais, ele atua na visão, no tônus muscular e no controle motor. Com isso, o estilo de vida se relaciona à sua disfunção.

Endorfina (𝐶17 𝐻19 𝑁𝑂3) 

A Endorfina é o neurotransmissor da felicidade, do bem-estar, do prazer e do bom humor. Conhecido como "hormônio da felicidade", contribui para a superação de vícios, a modulação da dor, o fortalecimento da imunidade e o funcionamento do cérebro. Além disso, ajuda na redução do estresse e da tensão, nos sentimentos de prazer, no efeito anti envelhecimento e aumenta a disposição e a resistência física e mental. Em contrapartida, a sua deficiência provoca alterações de humor, ansiedade constante, tristeza, dores no corpo, irritabilidade e falta de disposição.

Adrenalina (𝐶9 𝐻13 𝑁𝑂3)

A Adrenalina, ou epinefrina, é o neurotransmissor da fuga ou luta. Ela contribui para o aumento da frequência cardíaca, contração dos vasos sanguíneos e dilatação das vias aéreas. Com isso, aumenta o fluxo sanguíneo em direção aos músculos e o fluxo de oxigênio para os pulmões. Ela é produzida na prática de esportes, antes de momentos importantes, em situações de medo, antes de fortes emoções e quando há a redução do açúcar no sangue. E, quando em grande quantidade, o organismo fica preparado para agir de maneira agressiva ou fugir. É usada na medicina para tratamentos de alergias, asma e bronquite e quando ocorrem paradas cardíacas. 

Ocitocina (𝐶43 𝐻66 𝑁12 𝑂12 𝑆2 )

A Ocitocina é o neurotransmissor do amor. Peptídeo cíclico com nove resíduos de ácidos aminados que contribui em diversas funções do organismo e nas sensações de prazer e de afeto. Têm influências sobre o comportamento, o reconhecimento, o apego, a criação de memórias, a generosidade, além de comportamentos relacionados às interações sociais. 

Noradrenalina (𝐶8 𝐻11 𝑁𝑂3) 

A Noradrenalina é o neurotransmissor de alerta e concentração. Ela pode atuar de duas formas no organismo. No sistema nervoso, como neurotransmissor, excita o sistema nervoso autônomo e é um precursor endógeno da adrenalina. Fora do sistema nervoso, como hormônio, é acionado em situações de fuga, luta e estresse. Ele aumenta a frequência cardíaca, torna a respiração ofegante, dilata a pupila e deixa o indivíduo em estado de alerta. Sua produção é aumentada durante sustos, fortes emoções ou durante a prática de exercícios físicos. Quando essa situação de susto passa, pode trazer energia, animação e bem-estar.

No senso comum, muitas pessoas retratam que qualquer pessoa triste está com depressão. Entretanto, a tristeza é um sentimento comum e passageiro a todos os seres humanos e a depressão ultrapassa o significado de tristeza permanente, pois se trata de um distúrbio afetivo e incapacitante. Ela pode ter diversas causas e as principais são genéticas, alterações na bioquímica cerebral e eventos vitais. Mas, diferente do que muitos dizem, ela pode ser tratada. Quando o indivíduo possui o componente genético da depressão, ele tem 40% de chance de desenvolver a doença. As alterações na bioquímica cerebral, deficiência de alguns neurotransmissores, como a noradrenalina, dopamina e a serotonina, relacionam-se à depressão. 

Além disso, eventos vitais, muito estresse, pode resultar em episódios depressivos em pessoas com predisposição genética. O cérebro é um órgão muito complexo, pois dentro dele ocorre uma infinidade de reações químicas. A depressão pode ser causada pelo envolvimento dessas reações, mas não pode ser definida apenas pelo excesso ou deficiência de neurotransmissores. O humor, a forma de encarar a vida e as percepções do ser humano se devem às bilhões de reações químicas que ocorrem no sistema dinâmico responsável por essas características. Logo, como há essa infinidade de reações, a depressão pode ter causas diferentes ao se tratar pessoas diferentes e com mesmos sintomas. 

Ao comparar pessoas com depressão e pessoas sem, a diferença está na maneira em que o cérebro modula as emoções negativas. A pessoa sem a doença pode passar por um momento ruim, mas consegue seguir a vida e se relacionar com outras pessoas. Já a pessoa com a doença, se passar pelas mesmas emoções, têm uma certa dificuldade ou nem consegue seguir a vida e se relacionar com outras pessoas. Como dito anteriormente, na depressão ocorre a diminuição de alguns neurotransmissores, reguladores do humor, sono, energia e motivação, responsáveis pela transmissão de informações entre os neurônios. Logo, se há menos mensageiros, essa comunicação entre neurônios e as funções que eles exercem ficam prejudicadas.

Ademais, essa deficiência, pode reduzir a quantidade de substâncias protetoras dos neurônios, podendo até matar células cerebrais. E, com isso, resulta em prejuízos à memória, dificuldade de realização de funções cognitivas e de concentração. O hipotálamo, responsável pelo controle da produção de hormônios, quando afetado pelo quadro depressivo, estimula a produção de cortisol, hormônio do estresse, em excesso. Consequentemente, contribui para a liberação de fatores inflamatórios e a diminuição da capacidade imunológica do organismo. Logo, a maior chance de adoecer das pessoas com depressão, se comparado às pessoas sem a doença, é explicada. 

Por fim, a disfunção do cortisol pode elevar o nível da depressão para tornar-se crônica. E as chances de sucesso são diminuídas devido ao tempo que demora para o paciente receber o devido tratamento. Isso se deve ao maior comprometimento do cérebro pelos elevados níveis de cortisol por um grande período de tempo. Assim, conclui-se que os sintomas da depressão ocorrem a partir do processamento de informações e das disfunções no processo de transmissão de sinais entre neurônios, em diferentes regiões do cérebro.

Escrito por: Eloah Bié da Costa Oliveira 

Assessora de Marketing da Manner Jr. 

23 de Setembro de 2022  

REFERÊNCIAS:

CFQ. Cartilha: A Química das emoções. Disponível em: https://cfq.org.br/wp-content/uploads/2021/01/Cartilha-Qu%C3%ADmica-das-Emo%C3%A7%C3%B5es-1.p df. Acesso em: 23 set. 2022.

DANONE NUTRICIA. Depressão: entenda seus processos químicos no cérebro. Disponível em: https://www.danonenutricia.com.br/adultos/saude/depressao--processos-quimicos-cerebro Acesso em: 19 set. 2022. 

MARCELO PARAZZI. Depressão para além do senso comum. Disponível em: https://www.marceloparazzi.com.br/blog/depressao-para-alem-do-senso-comum. Acesso em: 22 set. 2022. 

PSICOLOGIA PREVITALI. Por trás da tristeza, a Química da depressão. Disponível em: https://www.psicologiaprevitali.com.br/por-tras-da-tristeza-quimica-da-depressao/. Acesso em: 19 set. 2022. 

SETEMBRO AMARELO. A campanha Setembro Amarelo® salva vidas!. Disponível em: https://www.setembroamarelo.com/. Acesso em: 22 set. 2022. 

SIGNIFICADOS. Significado de Química. Disponível em:https://www.significados.com.br/quimica/. Acesso em: 21 set. 2022. 

SOQUIMICA. Matéria. Disponível em: https://www.soquimica.com.br/conteudos/ef/materia/p2.php. Acesso em: 21 set. 2022. 

TJDFT. Setembro Amarelo - mês da prevenção do suicídio. Disponível em:https://www.tjdft.jus.br/informacoes/programas-projetos-e-acoes/pro-vida/dicas-de-saude/pilulas-de-saud e/setembro-amarelo-mes-da-prevencao-do-suicidio . Acesso em: 22 set. 2022.